sábado, 21 de julho de 2007

ACM: admirado por uns e odiado por outros

SALVADOR – Ba - “O senador Antonio Carlos Peixoto de Magalhães, 79 anos, nasceu em Salvador em 4 de setembro de 1927. Filho do professor Francisco Peixoto de Magalhães e de Helena Celestino Magalhães, ACM fez da Bahia seu forte reduto político.
Antonio Carlos Magalhães era casado com Arlete Maron de Magalhães, com quem tem quatro filhos: Antonio Carlos Peixoto de Magalhães Júnior, administrador; Teresa Helena Magalhães Mata Pires, assistente social, e os já falecidos Luís Eduardo Maron de Magalhães, advogado e político; e Ana Lúcia Maron de Magalhães, advogada.
Formado em medicina pela Universidade Federal da Bahia em 1952, ACM começa a dar os primeiros passos na política no diretório acadêmico da faculdade. Ainda no curso ginasial, ingressa no vespertino Estado da Bahia, um dos órgãos dos Diários Associados, onde atuou como jornalista até os anos 1960. Além da política, ACM lecionou na Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia
O senador exerceu diversos cargos públicos, a exemplo de deputado estadual, federal, senador, prefeito de Salvador e governador da Bahia por três vezes. Assumiu interinamente a Presidência da República por uma semana, de 15 a 22 de maio de 1998, na gestão do então presidente Fernando Henrique Cardoso.
O primeiro mandato político de ACM foi em 1954, como deputado estadual pela União Democrática Nacional (UDN). Quatro anos depois (1958) se elegeu deputado federal também pela UDN. Sendo reeleito mais duas vezes: em 1962 e 1966. Participou das articulações do movimento político-militar que depôs o presidente João Goulart.
Com a dissolução dos partidos políticos pelo Ato Institucional II, início do bipartidarismo: a Arena, de sustentação da ditadura, e o MDB, de oposição, ACM filia-se à Arena. Em 1967, licencia-se do cargo de deputado para assumir, por via indireta, a prefeitura de Salvador. Sua nomeação foi antecipada pelo presidente Castello Branco.
Em 1970, o então prefeito Antonio Carlos Magalhães pediu afastamento para concorrer ao governo da Bahia, cargo que assumiu de 1971 a 1975, após ser nomeado por Emílio Garrastazu Médici1. Ao transferir o governo para Roberto Santos (1975), ACM foi nomeado pelo então presidente Geisel, para assumir a presidência da Eletrobrás.
É eleito governador em 1978 pelo colégio eleitoral do Estado, com o apoio de Lomanto Jr. e Luiz Viana Filho. Ficou no cargo entre 15 de março de 1979 até 15 de março de 1983. ACM também foi ministro das Comunicações, entre 1985 e 1990, no governo do então presidente José Sarney.
Em 3 de outubro de 1990 foi eleito novamente governador da Bahia. Ao deixar o cargo, em 1994, foi eleito senador pela Bahia, chegando à presidência do Senado para o biênio 1997/1999. Em 30 de maio de 2001 o senador renunciou ao mandato para evitar a cassação. Em 1998, na presidência do Senado, levou um dos mais duros golpes de sua vida, com a morte do filho Luís Eduardo Magalhães.
Após o escândalo da violação do painel do Senado, em 2001, renunciou ao cargo de senador. Pouco mais de um ano após o pedido de renúncia, foi novamente eleito senador, com a maior votação para o cargo na história da Bahia.
Acusado de ser o mandante de grampos telefônicos, foi inocentado pelo Supremo Tribunal Federal, em 2004. Nesse mesmo ano, seu grupo político perde a Prefeitura de Salvador para o prefeito João Henrique; dois anos depois perdeu o governo do Estado para o candidato petista, Jaques Wagner, após 16 anos no poder.
Além do destaque político que conquistou na Bahia, por décadas, ACM empreendeu e comandou parte dos principais meios de comunicação da Bahia, como o jornal "Correio da Bahia", rádios e canais de TV”.

Depoimentos

“Todos sabem que eu era adversário político do senador, por discordar do seu ideário e do seu método de fazer política, mas isso não está em questão nesse momento. Ele deixou uma marca forte na historia da política da Bahia. Despertou paixão e ódios, mas sem duvida, ele é uma página poitica na historia da Bahia”. Jaques Wagner (PT), Governador da Bahia.

“O mais importante agora é que este grupo que o cercou transforme o legado de Antonio Carlos Magalhães (ACM) em seu objetivo de vida política. Um dos exemplos que ele deixa é de um homem que não conheceu limites quando visava interesse do estado. Seria injustiça não reconhecer o seu papel na modernização da vida política da Bahia”. Paulo Souto, ex-governador da Bahia.

“A cidade do Salvador estará de luto oficial por cinco dias, em reconhecimento aos serviços prestados senador ACM à Bahia, ao longo de sua trajetória política como deputado estadual, deputado federal, prefeito, governador, ministro e senador a serviço do seu povo”., João Henrique Carneiro, Prefeito de Salvador.

“A gente perde um guerreiro, que sempre lutou pela nossa cidade e transformou num divulgador do nosso estado. Pessoalmente, ei tinha um carinho especial por ele e El por mim, tanto que no escritório dele tinha um short meu que dei pra ele. Nós ficamos tristes, porque é um ser humano e uma pessoa que marcou a historia da Bahia”. Popó, ex- boxeador e secretario municipal de Esportes.

“Ele era um câncer na Bahia, um dos piores tumores. A Bahia se livrou dele. Quem ama a Bahia não a maltrata, refiro-me, principalmente a perseguição à ex-prefeita Lidice da Mata que ficou sem verbas para administrar a cidade, no período em que foi governador, que era dinheiro por direito do município, vindo do governo federal para ser repassado ao município, e ficou preso este dinheiro. Ele deixou a família milionária, nunca iria conseguir trabalhando. Agora quero ver como fica as viúvas de ACM: os cantores como Ivete, Carlinhos Brows, Bel Marques e outros, com a sua morte”. Paulo Cruz, 56, Comeriante.

“Acho quando ele construía escolas e outras construções, sempre havia algo por trás: o marketing político, e ainda verdades escondida que não se revelavam”. Amanda Badaró, 15, estudante.

“Acho que ele foi o único político que fazia algo pela Bahia. Roubava mas fazia. Não como outros que roubam, mas não fazem nada”. Marta Margarão, 47, dona de casa.

“Fico triste porque a política acabou pra mim. Ele fez muito pela pessoas da zona rural da minha cidade Amargosa, e não vejo outro fazer tanto”. Valdeny de Jesus Santos, 38, vendedor ambulante.

O Corpo fica no salão do Palácio da Aclamação do governo, no Campo Grande, para visitação pública. Às 15h. sairá em cortejo conduzido por carro dos Bombeiros passando por vários bairros do centro da cidade em direção ao cemitério do Campo Santo no bairro da Federação, onde será enterrado ao lado dos filhos: Ana Lucia Magalhães e do deputado Luis Eduardo Magalhães, previsto para ás 18h..




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