sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

EM SALVADOR É "CRIME EMPRESÁRIO GANHAR DINHEIRO MESMO HONESTAMENTE"

Foto: Hálice Freitas

"Pensar Salvador a sério"


"Principal executivo do Grupo Imocom, o português Luis Varanda veio à Bahia com a missão de comprar o belíssimo prédio de azulejos azuis, ao lado do
Mercado Modelo, onde funcionava uma loja da rede Paes Mendonça. Era para abrigar o hotel de uma das três mais importantes redes internacionais, mas no seu caminho havia “pedras”, entraves burocráticos atirados por órgãos controladores. Cinco anos depois ele voltou para Portugal e Salvador se tornou a única cidade do mundo a perder um Hilton.




O Hilton não só manteria o tal prédio (uma ruína que a qualquer momento pode vir abaixo), contemplava também a recuperação de mais três prédios históricos, além da modernização viária do entorno do Mercado Modelo e Elevador Lacerda. Outros grupos internacionais só aguardavam a evolução do processo para implantar mais três ou quatro hotéis no Comércio. De tanto esperar e nada acontecer, lá se foi o Imocom e outros investimentos.




Salvador é assim mesmo: de mãos dadas com o atraso. A impressão é que gostamos de não progredir, de achar pecado o sucesso alheio. Aqui as coisas não andam ou andam para trás. Tínhamos um metrô de 12 quilômetros que foi cortado ao meio e até hoje não funciona. Paralelamente foi iniciada uma batalha entre metrô e BRT. Passaram os anos e não temos nem metrô nem BRT, enquanto as principais capitais do mundo têm metrô, BRT, táxis, bicicletas, transporte náutico...




A Arena Fonte Nova corre o risco de não poder ser utilizada como equipamento multiuso em 2013, mas isso pouco importa aos que “são contra porque são contra” e trabalham para impedir a necessária mudança na legislação.




Em 2010, a Prefeitura apresentou Salvador Capital Mundial, propostas reunidas num portfólio. Sem discutir tecnicamente, setores da imprensa se opuseram frontalmente. Os empresários que haviam doado os estudos se revoltaram contra tanta insanidade e os tomaram de volta. Sabem por que? Aqui, não se pode construir parcerias saudáveis com a iniciativa privada. Aqui é crime empresário ganhar dinheiro mesmo honestamente. 


Dessas propostas a Linha Viva evoluiu e, mesmo sob ataques, está prestes a ter publicado o edital de licitação. Afinal, para quê construir uma avenida ligando o Acesso Norte ao Aeroporto, desafogando a estrangulada Paralela?


Mas as vozes da insanidade vão além. Questionam: Vai ter pedágio? Vai sim, e qual o problema? Quem vencer a licitação vai investir R$ 1,5 bilhão e deve, na forma da lei, ser remunerado.


Inventam informações absurdas como a de que com a via o bairro Saramandaia vai desaparecer, quando apenas 5% da sua área terá interferência. E a Avenida Atlântica? Alardeiam que o Vale Encantando será destruído, embora a Avenida sequer vá passar por lá.



Querem mais? Todos os projetos voltados à revitalização das orlas da Ribeira e Itapagipe e o do bairro 2 de Julho estão engavetados, vítimas de denúncias infundadas e tendenciosas. No Aeroclube temos empresários querendo investir R$ 87 milhões e gerar 7 mil empregos, revitalizando essa ruína em meio a nossa abominável orla. Qual é o crime? Existe alguma ilegalidade? Que mostrem, que provem ou se calem em nome da cidade, tal qual em relação à LOUS e PDDU, cuja discussão é também crime.



Pergunta-se: o lucro é crime? Em Salvador, sim, e por isso grandes empresas foram embora e quem arriscou ficar já pensa também em cair fora.




Os repasses federais caíram. Salvador nos últimos cinco anos perdeu R$ 185 milhões de repasses. Só este ano já foram R$ 50 milhões. O Estado e a Prefeitura não podem sozinhos financiar as soluções dos desafios que atormentam a vida dos soteropolitanos.



Nós que amamos esta cidade precisamos fazer uma séria reflexão, que cada um se pergunte: o que posso fazer por Salvador? O público e o privado devem dar as mãos para construir propostas e a segurança jurídica necessária para se investir na cidade. Não se trata de entregar Salvador, mas de se estabelecer uma ampla parceria, com transparência, ética ambiental e lisura dos atos em prol do desenvolvimento e do futuro da nossa cidade. Será que estou sonhando?"




Artigo de André Curvello publicado no Jornal A Tarde (07/12/2012)

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