sexta-feira, 30 de agosto de 2013

A VIDA NOS MUNDOS INVISÍVEIS – OS REINOS SUPERIORES - ÚLTIMO BLOCO

XV.  Os Reinos Superiores


vos falei em várias ocasiões, das esferas superiores. Há duas maneiras e somente duas, de penetrar nessas al­turas. A primeira, é por meio de nosso desenvolvimento e progresso espiritual. A segunda, é por convite especial de algum morador dessas regiões. Qualquer outra maneira é-nos vedada por invisíveis barreiras de impenetrabilidade espi­ritual.
Gostaria de vos falar sobre um convite especial que rece­bemos para visitar esses reinos elevados.
Estávamos sentados numa das salas térreas de minha casa, de onde podíamos ver com perfeição todas as belezas ao redor. Através de uma-brilhante e colorida paisagem, podia-se ver a cidade à distância, tão claramente como se

estivéssemos perto. Edwin e eu conversávamos enquanto Rute, sentada ao piano, tocava algo agradável, que parecia harmonizar-se, não só com nosso ambiente, mas também com nossa disposição.
Rute ainda não se recuperara de sua inicial surpresa ao ver um piano em sua casa. Ela era uma virtuose na vida terrena, e nos descreveu o momento emocionante em que se sentou ao seu instrumento espiritual, como o chamou, e tirou o primeiro acorde. Disse que ficou espantada porque o tom do seu piano era algo que nunca pudera imaginar, tão perfeito em qualidade e de sonoridade ilimitável. Sua sur­presa não terminou aqui, porém. Descobriu que sua destreza tinha aumentado cem vezes ao abandonar o corpo físico, mas que conservara a sua técnica terrestre. Descobriu ainda que as mãos deslizavam ao longo do teclado, sem o menor esforço, e que sua memória era como se tivesse a música aberta perante os olhos.
Neste momento ela enchia o ar com doces sons, auxiliando-nos a descansar, pois havíamos concluído uma pesada tarefa durante o curso de nossa obra. Nós três trabalhávamos juntos e ainda o fazemos — e geralmente descansamos e nos divertimos juntos. Na verdade, Rute e Edwin passam mais tempo em minha casa do que na deles.

 De repente, Rute parou de tocar e correu para a porta. Espantados, seguimo-la e ficamos surpresos ao ver duas mara­vilhosas personagens atravessando o gramado. Uma era o egípcio que me dera tão bons conselhos ao chegar aqui, e se interessara tanto pelo meu bem-estar. O outro era seu Mestre, que tinha acompanhado o grande visitante celestial, naquela ocasião, no templo.
O Mestre do egípcio era um homem de cabelos negros como o azeviche, combinando com um par de olhos que traía grande senso de humor e alegria. Ficamos logo sabendo que era caldeu.
Adiantamo-nos para recebê-los e eles demonstraram todo o prazer nessa visita.
Conversamos sobre vários assuntos e Rute foi persuadida a terminar a peça que tocava quando tinham chegado. No final, depois de a elogiarem, o caldeu abordou o assunto que o trouxera.
Vinha trazer o convite da Grande Alma — em honra de quem nós nos tínhamos congregado naquele dia — para uma visita em seu lar das esferas superiores.
Nós três guardamos silêncio por um momento. Rute e eu não sabíamos o que dizer para exprimir a gratidão de receber tão grande privilégio. Edwin veio em nosso auxílio e agiu como nosso intérprete. O caldeu estava divertido com o nosso embaraço e apressou-se a assegurar-nos que nada tínhamos a temer. O que mais nos preocupava, creio, ou melhor, nos intrigava, era a razão do convite, e como iríamos chegar até lá. De fato, nem sabíamos onde era o lar. Quanto à nossa primeira pergunta, o caldeu disse que se encarregava de nos fazer chegar ao nosso destino. Tentamos expressar nossos sentimentos em palavras, sem o conseguirmos, pelo menos quanto a mim. Creio que Rute e Edwin tiveram mais sucesso. Creio sinceramente que o caldeu é a criatura mais alegre destas paragens. Menciono isto porque parece haver uma idéia em algumas mentes de que quanto mais alta a personagem do espírito tanto mais séria deve ser. Tal idéia é inteiramente falsa, acontece justamente o contrário. Alegria sã vem do coração e não ofende ninguém, não é usada em detrimento de ninguém, e tal alegria é encorajada e aceita no mundo espiritual. Não há nenhuma inscrição gravada nos portais destes reinos como: "Abandonai toda a alegria para aqui entrar!"
Edwin indagou de quando deveríamos empreender a jornada e o caldeu replicou que êle e seu amigo egípcio haviam vindo para nos levar agora. Eu estava calmo — todos estávamos — na ignorância do processo de se fazer tal viagem, mas o caldeu logo assumiu o comando, ordenando-nos para irmos embora. E fomos em direção aos limites dos nossos reinos.
Ao caminharmos através de bosques e prados, perguntei ao egípcio se êle me podia dizer algo sobre o grande ser que íamos visitar. O que me contou foi muito pouco, apesar de eu ter certeza de que sabia muito mais do que revelou. Provavelmente eu não entenderia o que me poderia adiantar, e êle reteve mais informações.
O ilustre personagem na direção de cuja casa nos encami­nhávamos, era conhecido de vista por todas as almas. Seu desejo era uma ordem, sua palavra, lei. O azul, o branco e o dourado de sua vestimenta revelavam o estupendo grau de seus conhecimentos, sabedoria e espiritualidade. Milhares o chamavam de Bem Amado Mestre, sendo um destes o caldeu, que era seu braço direito. Quanto à sua função especial, êle era o governante de todos os reinos do mundo espiritual e exercia coletivamente essa função, assim como a função particular de governos individuais. Todos os outros gover­nantes, portanto, eram subordinados a êle, e êle, por assim dizer, unia os reinos e soldava-os em um só, fazendo deles um vasto universo, criado e mantido pelo Grande Pai de todas as coisas.
Tentar definir a imensa magnitude de seus poderes seria tentar o impossível. Mesmo que o fizesse, falharia a com­preensão. Tais poderes não têm equivalente ou comparação com qualquer dos poderes administrativos sobre a terra. Mentes terrenas podem apenas evocar esses indivíduos que governam grandes reinos sobre a terra, que anexam vastos territórios, por assim dizer, por meio do medo e que dominam seus inferiores, como servos ou escravos. Nenhum rei mortal jamais presidiu sobre tão vasto estado, como este personagem de quem falo. E seu reino é governado pela lei universal da verdadeira afeição. O medo não existe, nem poderia existir na menor fração, porque não há a mais leve causa para êle, nem jamais haverá. Êle é o grande Elo invi­sível entre o Pai, o Criador do Universo e seus Filhos.
Mas, não obstante a suprema elevação da sua posição espiritual, êle baixa do seu lar celestial para nos visitar, como já disse. E é permissível a outros, de grau muito inferior, ir visitá-lo em sua casa.
Nada há de não-substancial, vago, irreal acerca dele. Já o vimos em grandes dias festivos.
Êle não é apenas uma experiência espiritual, um grande soerguimento da alma produzido dentro de nós por algo invisível. Êle é uma pessoa real, tão concreta quanto a realidade que nós somos — e somos mais reais que vós na terra, embora não o sabeis. Há noções erradas de que os seres superiores são tão etéreos que chegam a ser invisíveis, exceto aos outros da mesma espécie; e que são completa­mente intangíveis; que nenhum mortal inferior o pode ver e sobreviver. Diz-se comumente que esses seres estão tão acima de nós que se passarão eternidades antes que os pos­samos ver. Mas isso é absolutamente errado. Muita alma destes reinos já foi abordada por esses grandes seres, sem estar absolutamente a par do fato. Nós todos temos certos poderes que são aumentados ao passarmos para esferas mais elevadas, nos passos progressivos do nosso desenvolvimento espiritual. E um desses poderes é ajustarmo-nos ao nosso ambiente. Nada há de mágico a respeito disso. É alta­mente técnico muito mais do que os científicos mistérios do mundo terrestre. No mundo espiritual chamamos isso de equalização de nossa porcentagem vibracional, mas receio que com esta explicação ficastes na mesma! E não compete a mim tentar explicar!
O egípcio forneceu-me esses detalhes e acrescentei-lhes algumas explicações de meu próprio saber, que na verdade é bem pequeno.
A esta altura estávamos perto da casa de Edwin e pas­sando à atmosfera rarefeita. Logo ela nos causaria desconforto se prosseguíssemos. Instintivamente paramos e sentimos que o momento crucial de nossa jornada havia chegado. Era exatamente como o caldeu dissera: nada tínhamos a temer. E prosseguimos normalmente.
Primeiro, êle aproximou-se por trás de nós e pousou suas mãos por um breve momento sobre nossas cabeças.   Isto, disse êle, era para nos dar poder extra para movermo-nos através do espaço. Sentimos uma sensação estranha imedia­tamente sob suas mãos, que era ao mesmo tempo agradável e exaltadora, e sentimo-nos tornar mais leves, se bem que isso parece impossível. Podíamos também sentir um suave calor que corria pelo nosso organismo. Isso era meramente o efeito do poder, e nada em si. O caldeu colocou Rute entre mim e Edwin e pôs-se bem atrás dela. Colocou a mão direita sobre o ombro de Edwin e a outra sobre o meu, e, como usava um manto — que vimos ser ricamente bordado — êle formava um perfeito abrigo para os três.
Esta visita deveria ser maravilhosa para nós, como disse êle, e portanto deveríamos mostrar a alegria de que está­vamos embebidos, e nenhuma seriedade era necessária.
O caldeu disse-nos que ao colocar suas mãos sobre nós, além de nos dar força para viajar, ajustava nossa visão à intensidade extra de luz que iríamos encontrar. Sem essa precaução nos veríamos em apuros. Neste ajustamento nossa visão não era embaçada de dentro, mas uma espécie de película era superposta de fora, da mesma maneira que na terra vocês usam vidros protetores contra a luz e o calor do sol.
Em seguida êle pegou nossas mãos nas dele e recebemos mais força na corrente assim transmitida. Pediu-nos para nos tornarmos completamente passivos e lembrar que está­vamos a caminho do gozo e não para um teste de sofrimento. "Agora, meus amigos, nossa chegada é aguardada. Partamos!"
Imediatamente nos sentimos flutuar, mas essa sensação cessou abruptamente, pelo que nos pareceu uma fração de segundo, e em seguida não houve mais sensação de movimento. Uma luz brilhou perante nossos olhos. Ao desaparecer, sen­timos o chão sólido sob os pés e tivemos a nossa primeira visão do reino supremo.
Entráramos num domínio de inimitável beleza. Nenhuma imaginação pode visualizar tal deslumbramento.
Estendendo-se perante nós havia um largo rio, aparen­temente calmo, pacífico e singularmente belo ao ser tocado

pelo sol, tomando cada minúscula ondulação uma miríade de tons. Ocupando o centro do quadro, na margem esquerda, havia um espaçoso terraço que parecia ser de alabastro, à beira da água. Uma larga escadaria conduzia ao mais deslum-brande edifício que a mente pode imaginar.
Era de vários andares, postos em degraus, de maneira que cada um ocupava uma área menor, até atingir o cume. Seu interior era simples e sem adornos. O edifício inteiro era composto de safira, diamantes e topázios. Essas três pedras constituem o correspondente às três cores que víramos nas vestimentas do visitante celestial.
Nossa primeira pergunta referia-se à razão ou significado do material específico do prédio. Não havia significado algum, segundo nos disse o caldeu. As pedras preciosas eram próprias do reino que visitávamos. Em nossos reinos os edifícios são opacos, mas meio translúcidos na superfície. Mas são compactos e pesados, em comparação com os daqui. Viajamos através de muitas outras esferas, até chegarmos nestas, mas tivéssemos nos detido para observar as regiões por que passamos, e teríamos visto a gradual transformação que se efetua até que os nossos materiais relativamente pesados transmudam-se em substância cristalina, sobre a qual nossos olhos estavam pregados.
As cores porém tinham certamente um significado es­pecial.
Podíamos ver, cercando o palácio, muitos acres dos mais deslumbrantes jardins, dos quais mal podíamos desviar a vista. Mas o caldeu docemente chamou a nossa atenção para o restante.
Nossa vista se espraiava por milhas de milhas, e espa­lhadas por elas, magníficas mansões construídas de esmeraldas, ametistas etc, e ao longe, algo como pérola. Cada uma colocada no meio de jardins graciosos onde cresciam árvores de inimitável beleza e de formas grandiosas.

Para onde quer que lançássemos os olhos, lá veríamos o brilho dos edifícios e jóias, as miríades de flores, a cinti-lação da água do rio.
Enquanto olhávamos tudo, embasbacados, houve um re­pentino clarão de luz que pareceu vir direto do palácio para o caldeu, e este respondeu com outro raio de luz. Nossa presença no reino já era conhecida, e depois de apreciarmos a beleza do panorama, fomos convidados a caminhar até ao Palácio, onde o nosso anfitrião nos aguardava. Tal era o significado dos raios emitidos.
Pela mesma maneira que viéramos, nós nos achamos rapidamente no terraço acima do rio. O pavimento deste era branco puro, e nos surpreendeu a maciez do solo, que parecia veludo sob nossos pés. Nossos passos não faziam ruído, mas nossas vestimentas farfalhavam ao caminharmos; caso contrário, o nosso caminhar teria sido silencioso. Mas havia muitos outros sons. Não dávamos entrada no mundo silencioso. O ar inteiro estava cheio de harmonias despren­didas dos volumes de côr que abundavam por toda parte.
A temperatura nos parecia bem mais elevada que a do nosso reino.
Ao adiantarmo-nos para a entrada, eu, de bom grado, teria me demorado a admirar os materiais de que era feito, mas o tempo urgia.
Nossa estada não podia ser prolongada além de nossa capacidade de resistência à atmosfera rarefeita, e à intensi­dade da luz, não obstante a força e proteção espiritual do caldeu.
Tão belamente proporcionados eram os aposentos e ga­lerias, que não sentíamos aquela sensação de sufocante alti­tude, como seria de esperar num edifício de tais proporções.
Nas paredes havia quadros com cenas pastorais, feitas de todas as pedras preciosas conhecidas. Essas pinturas davam uma impressão de luz líquida, se é que se pode usar essa expressão.    De cores encantadoras e de muito mais

variadas tonalidades do que há na terra. Pareceu inconcebível que pedras preciosas pudessem fornecer tal variedade de cores.
Ao caminhar sentíamo-nos, desde a entrada, rodeados de uma atmosfera de calor e amizade, o que era aumentado pelas boas-vindas calorosas dadas por seres encantadores.
Finalmente paramos perante um pequeno salão e o caldeu nos contou que havíamos chegado ao fim de nossa jornada. Não me sentia exatamente nervoso, mas imaginei que forma­lidades seriam exigidas, e fiquei hesitante. O caldeu porém nos assegurou que devíamos meramente observar as regras ditadas pelo bom gosto.
Entramos. Nosso anfitrião estava sentado a uma janela. Assim que nos viu, levantou-se e veio nos cumprimentar. Primeiro agradeceu ao egípcio e ao caldeu por nos terem trazido. Depois tomou cada um pela mão, para nos dar as boas-vindas. Havia vários assentos vagos perto do que êle ocupara e sugeriu que nos sentássemos para gozar de sua vista predileta.
Ao aproximarmo-nos da janela, avistamos um canteiro das mais magníficas rosas brancas, tão puras quanto um campo de neve, e que exalavam um aroma maravilhoso. Rosas brancas, nos disse, eram suas flores favoritas.
Sentamo-nos e tive a oportunidade de observá-lo de perto enquanto falava; visto assim notei diferenças do que êle me parecera à distância. Diferenças que eram quase uma questão de intensidade de luz. Seu cabelo, por exemplo, parecia ser dourado quando nos visitara, mas aqui parecia de clara luz dourada. Parecia jovem, de juventude eterna, mas podia-se sentir a incontável eternidade de tempo que jazia por trás dela.
Quando falava, sua voz era pura música, seu riso como água cascateante, e nunca imaginei possível poder emitir tanta bondade, afeição e consideração, e nunca julguei que um indivíduo pudesse possuir tal imensidão de sabedoria como êle. Sentia-se que, abaixo do Pai do Céu, êle é que tinha a chave de todo o conhecimento. Mas, por estranho que pareça, apesar de termos sido transportados a distâncias incomensuráveis à presença deste ser transcendente e mara­vilhoso, nos sentíamos contudo perfeitamente à vontade em sua presença. Ria conosco, brincava, falava de suas rosas, dirigindo-se a cada um de nós individualmente, exibindo exato conhecimento de todos os nossos assuntos, coletiva ou pessoal­mente. Finalmente abordou a razão de seu convite para o visitarmos.
Com meus amigos eu visitara os reinos sombrios e con­tara o que vira lá. Êle achava que seria um agradável con­traste se visitássemos os planos superiores e suas belezas. Se mostrássemos que os habitantes de tais lugares não são sombras irreais, mas pelo contrário, como nós, capazes de sentir e mostrar as emoções de suas naturezas esplêndidas, capazes de compreensão humana, susceptíveis de riso fácil e alegria pura, como nós mesmos.
Convidara-nos para essa visita para nos dizer que estes reinos estão ao alcance de toda alma nascida sobre a terra, e cujo direito ninguém nos pode roubar; e que apesar de levar-se anos infindos para alcançar esse fim, havia meios ilimitados para nos auxiliar. Esse, disse êle, é o grande e simples fato da vida espiritual. Não há mistérios; é tudo simples, direito e desimpedido de crenças complicadas, reli­giosas ou não. Não é preciso ser adepto de qualquer religião, que em si não tem autoridade nenhuma para assegurar às almas o poder de garantir a salvação. Nenhum grupo reli­gioso, que alguma vez tenha existido, pode fazê-lo.
E assim, este reino de beleza incomparável está livre e acessível a todos que trabalham na mais ínfima condição. Poderá levar eternidades para se realizar, mas esse será o grandioso epílogo da vida de milhões.
Nosso bom amigo, o caldeu, mencionou então que nossa estada chegava a seu limite.

Quando nos erguemos, não pude resistir à tentação de olhar as rosas pela janela, uma vez mais.
Nosso anfitrião disse que nos acompanharia até à colina de onde tivéramos nossa primeira visão de seu reino. Se­guimos um caminho diferente dessa vez, e qual não foi o nosso prazer quando êle nos conduziu diretamente ao canteiro das rosas brancas. Curvou-se e colheu três das mais perfeitas flores que jamais vira, e presenteou-nos a cada um com uma rosa. Nossa alegria era maior ainda por saber que com a afeição que sentíamos por elas, nunca murchariam e mor­reriam. Minha preocupação era apenas que, em caminho para casa, fossem amassadas pela desusada densidade de nossa atmosfera mais pesada.
Mas êle assegurou-nos que isso não aconteceria, porque seriam amparadas pelo seu pensamento.
Finalmente alcançamos o ponto de partida. Palavras não exprimiriam o nosso sentimento, mas os nossos pensamentos passaram a êle, que nos havia dado essa suprema felicidade, esta antecipação do nosso destino — o destino de todos os entes da terra.
Com uma bênção para todos, desejou-nos, sorrindo, uma boa viagem, e nós partimos.
Tentei descrever algo do que vi, mas as palavras são poucas porque não posso traduzir o espiritual em termos terrenos.
Para dar-vos uma descrição exata eu levaria uma exis­tência enchendo volumes, e portanto escolhi o que achei que seria de mais interesse e benéfico. Meu sincero desejo é que tenha despertado vosso interesse, vos tenha afastado por uns momentos da vida terrena, e dado uma idéia do mundo que jaz além daquele em que agora viveis.
Se voz trouxe uma partícula de conforto, e boa esperança, então minha recompensa é grande e eu diria: Benedicat te omnipotens Deus.

Leia este livro
HISTÓRIA DO ESPIRITISMO
CONAN DOYLE
A pena de um escritor de renome mundial foi fiel aos impulsos de um grande cérebro, que não podia ficar indiferente diante de uma doutrina que, de longa data, agitava os meios religiosos, literários e científicos da Europa e da América.
Por certo, quando Allan Kardec codificou o Espiritismo, lançando a público O Evangelho Segundo o Espiritismo, o Livro dos Médiuns e vários outros, muitas mentes sequiosas de saber teriam indagado qual a origem da dou­trina que, naquela época, tomava corpo e con­quistava terreno até nos mais humildes lares; que atraía a atenção dos meios aristocráticos e que surpreendia sábios como William Crookes, com suas notáveis experiências com Katie King.
Sem querer remontar às tenebrosas eras primevas da Humanidade, já encontramos no Egito o Livro dos Mortos e os misteriosos hie-róglifos, cuja chave Champollion legou à Huma­nidade, que revelam a firme crença do povo egípcio numa vida post-mortem, dedicando, aos que se foram, um culto especial.
Vários volumes seriam, portanto, necessários para um empreendimento de tal vulto, isto é, a História do Espiritismo, desde as suas primei­ras manifestações no mundo. Entretanto, esse trabalho gigantesco não veria colunado o seu objetivo, por falta de fontes históricas que o ali­cerçassem, e teríamos de ingressar no domínio das lendas ou de insustentáveis tradições.
Foi por isso que Conan Doyle, como Presi­dente da Federação Espírita Internacional, além de outros honrosos títulos que exornaram a sua personalidade, empreendeu o estudo da Histó­ria do Espiritismo, a partir do célebre vidente Emanuel Swedenborg, e trouxe-nos, a mancheias, os relatos dos mais emocionantes episódios provocados pelo Espiritismo na Europa e na América, satisfazendo a nossa curiosidade com fatos verdadeiramente inéditos.
Como primeiro livro que se publica em língua portuguesa, a História do Espiritismo, de Conan Doyle, vem preencher uma lacuna de há muito existente nas bibliotecas dos aficio-nados do assunto, que têm agora, à sua dispo­sição, uma obra que prima pela seriedade e pelo valor de seu autor.
EDITORA O PENSAMENTO

Anthony Borgia


Nenhum comentário: