O
Espiritismo é apresentado por Kardec, sob a orientação do Espírito da Verdade,
como
uma seqüência natural do Cristianismo. É o cumprimento da promessa evangélica
de
Jesus, de enviar
à Terra o
Consolador, que completaria o
seu ensino, esclarecendo os
homens
a respeito daquilo que ele só pudera ensinar através de alegorias, no seu
tempo. Os
homens de então
não estavam em
condições de compreender o fenômeno natural
da
comunicação espírita,
que misturavam com
sistemas de magia e
interpretações
supersticiosas.
Em A Gênese, Kardec esclarece, no primeiro capítulo, que era necessária a
evolução
das ciências, o progresso dos conhecimentos, o desenvolvimento intelectual,
para
que o
Espiritismo fizesse seu aparecimento, como doutrina, em nosso mundo.
Assim
sendo, o Espiritismo tem como base as Escrituras, tem seus fundamentos na
Bíblia.
Mas é claro que o conceito espírita da Bíblia não pode ser igual ao das
religiões que
ficaram no
passado, apegadas às formas sacramentais de magia,
aos ritos materiais e aos
cultos
exteriores do próprio paganismo. A Bíblia não pode ser, para o espírita
esclarecido, a
"palavra
de Deus", pois é um livro escrito pelos homens, como todos os outros
livros, e é,
principalmente, um
conjunto de livros
em que encontramos de
tudo, desde as regras
simplórias de
higiene dos judeus
primitivos até as lendas
e tradições do
povo hebreu,
misturadas
às
heranças dos egípcios
e babilônios. O Espiritismo
ensina a encarar a Bíblia
como um
marco da evolução religiosa na Terra, mas não faz dela um novo bezerro de ouro.
É difícil falarmos da Bíblia a
pessoas apegadas ao
processo de fanatismo religioso
de
algumas seitas obscurantistas, que chegam,
em pleno século
vinte, ao cúmulo
de
renegarem
a cultura, para só aceitarem os escritos judeus da época das civilizações
agrárias.
São pessoas simples e crentes, que merecem o
nosso respeito, mas inteiramente incapazes
de
compreender o problema
bíblico. Isso, entretanto,
não deve impedir-nos
de esclarecer
esse problema à luz dos
princípios espíritas. A
Bíblia não condena
o Espiritismo. Pelo
contrário,
a Bíblia confirma o Espiritismo, como demonstraremos. Basta lembrar o caso de
Samuel, atormentado
pelo espírito mau,
aliviado pela mediunidade
de Davi, que
usava a
música para afastá-lo. Caso típico de mediunidade curadora, constante de Samuel
16: 14-
23. E o
colégio de médiuns que acompanhava Moisés no deserto? E assim
por diante, da
primeira
à última página da Bíblia. Mas o pior cego é aquele que não quer enxergar.
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