XIII. Organização
Já deveis ter compreendido que o mundo espiritual é um vasto lugar e, com isso em mente, podereis concluir que êle possui uma organização administrativa proporcional às suas exigências. |É exato, mas nossas necessidades não são como as vossas. Entre vós, o mundo corrupto está em constante guerra com a decadência material e a degeneração.
Mas isso não acontece em nosso incorruptível mundo, onde não temos nem um nem outro. O
nosso estado está bem
longe da Utopia em qualidade. Mas é um estado em que o
pensamento
é seu elemento básico.
Já contei como, ao ver meu jardim espiritual pela primeira vez, me admirei de sua ordem e excelente conservação,
e me perguntei quem seria o responsável por isso. Edwin me disse que isso quase não requeria esforço na manutenção.
Queria dizer que, desde que meu desejo de ter um jardim
permanecesse
inalterável, e enquanto eu tivesse afeição pelas
flores, gramas e árvores, o jardim responderia aos meus pensamentos e floresceria. Se eu desejasse alterar o arranjo dos
canteiros,
podia facilmente pedir a um técnico que viesse me
auxiliar,
o que êle faria com todo o gosto. Isto quanto ao
jardim. Minha casa é governada pelas mesmas leis. E é
assim com todos os jardins e casas daqui.
Os pensamentos reunidos de
todos os habitantes do reino manterão tudo que cresce dentro dele. É quando
chegamos à cidade e viajamos através de seus edifícios que essa organização se
torna mais evidente.
No salão da música, por
exemplo, achamos muitos estudantes absorvidos pelos estudos, outros em
pesquisas musicais, rebuscando antigos livros, outros arranjando músicas para
concertos, consultando obras e discutindo-as com os compositores. Há muitos
mestres, gente capaz de nos prestar toda a assistência e fornecer solução a
nossos problemas.
Nominalmente o governante do
reino é o reitor de todos os departamentos e as decisões maiores são tomadas
por êle, mas nomeia gente competente e dá-lhe carta branca em suas decisões.
Cada departamento tem seu
chefe direto, mas não se deve imaginar que é oficial, inatingível e oculto dos
olhos de todos, visto apenas em ocasiões relativamente raras. É exatamente o
oposto. Está sempre por ali, dando as boas--vindas a qualquer um que apareça,
como aprendiz ou como mero apreciador da música.
Já contei como continuamos o
nosso trabalho por um período em que desfrutamos prazer ou utilidade. No
momento em que sentimos necessidade de mudar de trabalho, voltamo--nos para
qualquer outro. Os trabalhadores
dessas casas de estudo não são diferentes de outros nesse aspecto. De vez em
quando necessitam mudança e divertimento e assim são revezados. Alguns se
retiram e outros tomam seus lugares. Não precisamos temer que ao procurar um
determinado especialista não o encontremos. Teremos todo o auxílio que necessitarmos,
e se for preciso consultar o que está ausente, um instantâneo pensamento
responderá a nossa pergunta, ou com igual rapidez podemos visitar sua casa.
Muita gente que trabalha
nesses departamentos estão aí há muitos anos. Tão devotados são a seu trabalho
que, apesar de terem progredido e virtualmente pertencerem a esferas
superiores, preferem permanecer onde estão. Podem afastar-se de tempo em tempo
para sua própria esfera, mas voltam para retomar suas tarefas. Chegará o
momento em que abandonarão, de todo, seu cargo para residir permanentemente em
sua própria esfera, e então, outros igualmente capazes tomarão seus lugares. E
isto aplica-se a todos os setores. O trabalho funciona incessantemente: os
trabalhadores descansam e trocam de lugar, mas o trabalho não cessa. O ritmo do
trabalho pode variar, como aí na terra. Quando temos grandes celebrações e
festivais, durante os quais somos honrados pela presença de visitantes de
outras esferas superiores, acontece que grande numero de pessoas estarão
presentes, e nesse tempo haverá uma apreciável diminuição das atividades.
Nas alas de descanso porém os
médicos e enfermeiras estão sempre de plantão, apesar do que estiver
acontecendo noutros pontos da esfera. Sua devoção ao dever é imediatamente
premiada, porque durante as festividades os ilustres visitantes dos reinos
superiores fazem visitas especiais aos sanatórios de descanso, onde
cumprimentam pessoalmente cada um dos membros do pessoal.
Toda essa administração
pertence ao mundo espiritual, a êle só. Há outros serviços que abrangem os dois
mundos juntos, o nosso e o vosso. Tal como por exemplo a chegada ou próxima
chegada de uma alma a estas paragens. A regra é que todas as almas ao chegar
aqui terão seu quinhão de atenção. Depende delas quanta terão. Algumas estão
tão afundadas moralmente que afastam qualquer aproximação que possa ser
afetiva. Não consideraremos estas por enquanto, mas somente as destinadas à
luz.
Sem antecipar o que desejo
dizer a respeito da inter--relação entre o mundo terreno e o espiritual,
podemos, por nossos objetivos atuais, examinar o problema da transição, que
afeta grande número de pessoas aqui.
Suponhamos que vós mesmos
estejais no mundo espiritual, e que além de saberdes a verdade sobre a
comunicação com a terra, não tendes experiência dos laços existentes entre
os dois mundos. Tereis deixado, suponhamos, para trás
um amigo por quem tínheis e ainda tendes uma profunda afeição, e gostaríeis de
saber se êle virá residir permanentemente no mundo espiritual.
Uma vez ou outra recebestes seus pensamentos de
afeição erguendo-se da terra, pelo que ficou visto que êle não vos esqueceu.
Nunca tentastes vos comunicar com êle porque sabeis que êle não gostaria. É
possível saber exatamente quando êle se reunirá ao mundo espiritual? E como? A
resposta a esta pergunta revela a existência de uma das grandes organizações
destas terras.
Na cidade há um imenso
edifício que exerce a função de escritório de pesquisas. Aqui, uma enorme
quantidade de pessoas está pronta a responder a toda sorte de perguntas que surgirem
tanto dos recém-chegados, como dos moradores antigos. Ocasionalmente
necessitamos uma solução para algum problema.
Podemos consultar amigos sobre o assunto, mas
descobrimos que eles estão tão mal-informados quanto nós. Poderíamos, é claro,
apelar a algum personagem superior e receberíamos todo o auxílio necessitado.
Mas eles têm seu trabalho a fazer e hesitamos em perturbá-los. Assim ,
levamos nossos problemas a este grande edifício da cidade. Entre seus
importantes deveres está o de guardar o registro dos recém-chegados, o que é um
útil serviço e muita vantagem é conseguida por muita gente. Mais importante
ainda é o de saber de antemão aqueles que virão paira cá.
A informação é sempre precisa
e infalível. É coligida por meio de um complicado processo de transmissão de
pensamento.
Em tempos normais na terra
quando os pensamentos mantêm um nível estável, já é inestimável, mas em tempo
de guerra, quando as almas aqui chegam aos milhares, as vantagens desse serviço
são incalculáveis. Amigo pode encontrar amigo e juntos podem se unir para
ajudar outros.
O pressentimento dos acontecimentos terrestres, tanto
nacionais como particulares, pertence a certa classe de seres espirituais, que
por sua vez transmitem esse conhecimento a outros, e estes a outros ainda, e
assim por diante. Entre
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os primeiros a receber o
pré-conhecimento de uma guerra estão os lares para descanso. O escritório de
pesquisas também será informado.
Se estais ansiosos por saber
quando o vosso amigo virá aqui morar, vosso primeiro passo será ir a esse
escritório. Tudo o que há a fazer é dar o nome de vosso amigo, e pedirão que
focalizeis vossa atenção sobre êle para estabelecer o necessário elo de
pensamento. Quando isto foi feito, pedirão que espereis um curto espaço de
tempo (pelo vosso tempo serão apenas alguns minutos). As forças necessárias
serão postas em ação com espantosa rapidez, e sereis presenteado com a hora
exata da chegada do vosso amigo.
A organização que existe por
detrás deste serviço deverá dar uma idéia da vastidão de todo o departamento de
auxílio e pesquisa. Há muitos outros. Este mesmo edifício abriga pessoas que
podem fornecer respostas a inúmeras perguntas que surgem na mente dos
recém-chegados. E abriga e emprega milhares de pessoas úteis e felizes. Muitos
pedem para trabalhar ali, mas é necessário ter primeiro algum treino, pois que,
por mais apropriados que sejam nossos atributos, exige-se conhecimento perfeito
em qualquer departamento em que desejemos trabalhar.
Passemos agora ao
departamento da ciência. Há inúmeras pessoas que possuem inteligência mecânica
e que seguem como profissão um dos ramos da engenharia. As oportunidades nesse
campo são vastíssimas e tal trabalho é levado a efeito sob condições
semelhantes a qualquer outro trabalho — sem restrição, livremente, e com as
fontes inesgotáveis e a perfeita administração do mundo espiritual a
apoiá-los. Esta modalidade de trabalho atrai milhares de pessoas, jovens e
velhos. Todos os grandes cientistas e engenheiros continuam suas investigações
e pesquisas apoiados por grande número de entusiásticos auxiliares de todas as
classes.
A maioria de nós, aqui, se
contenta com um tipo de trabalho. Por
mais pequeno que seja esse trabalho, é-lhe
dado valor. E cada forma de trabalho tem sua
organização separada, onde tudo desliza com suavidade.
Não se deve concluir daí que
somos infalíveis. Isso seria uma estimativa errada, mas sabemos que quaisquer
que sejam os erros, podemos ter a certeza de que os superiores virão em nosso
auxílio para corrigir o erro. Nunca somos surpreendidos por ineficiência, mas
os erros são considerados como boas lições para nós. Mas nem por isso seremos
descuidados, porque temos o nosso orgulho natural no trabalho, que nos instiga
a fazer sempre o melhor possível — sem erros.
Para conseguir dar uma idéia
mais ou menos clara da organização administrativa do mundo espiritual, teríamos
que fazer um trabalho gigantesco e muito além do meu poder descritivo, sem
contar com a impossibilidade de se pôr em linguagem material o que só pode ser
entendido por um habitante daqui.
Talvez um dos traços mais
característicos da vida no mundo espiritual é que a organização da vida é tão
perfeita que não há sombra de pressa e confusão, apesar de podermos realizar
ações de natureza material com a rapidez do pensamento. Isto é uma segunda
natureza para nós, e mal a notamos.
É uma quase bravata da terra
declarar que alcançou a era da velocidade. Em comparação com a nossa rapidez de
movimento, vós quase não vos moveis! Esperai até estar aqui e então sabereis o que
é velocidade e o que é verdadeira eficiência e organização.
Nada existe semelhante na
terra.
XIV. Influencia do Espírito
É hábito da maioria dos
homens considerar o mundo terreno e o mundo espiritual como dois planos à
parte, sepa
rados e distintos. Consideram os dois mundos como independentes um do outro, um desconhecendo o outro. Que o mundo espiritual possa ter alguma influência sobre a terra,
para vantagem desta, está demonstrado ser falso, pelo estado
de completa desordem que existe pelo mundo inteiro.
Há outra corrente de pensamento integrada por aqueles
que fizeram um estudo superficial do que chamam Ocultismo. Essas pessoas acreditam que, sendo a terra muito
terrena, e o mundo espiritual muito elevado, os dois mundos
estão automaticamente impedidos de fazerem intercomu-nicação.
Ambas as idéias são indubitavelmente erradas. Os dois
mundos estão em constante e direta comunicação e estamos
bem ao par do que está ocorrendo na terra em todos os
tempos. Nem por um minuto digo que todos nós sabemos
do que se está passando aí. Alguns dentre nós estão em comunicação com a terra porque ligados aos seus negócios particulares. Enquanto o restante, que não tem mais interesse
na terra desde que a deixou, fica ignorante de muitas coisas a ela ligadas. Os sábios dos reinos superiores estão de posse de todo o conhecimento que transpira a respeito da terra.
Gostaria de indicar um ou dois canais através dos quais a influência do espírito é exercida sobre a terra.
Primeiro, tomemos essa influência de uma maneira
pessoal.
A toda alma que nasceu ou está para nascer sobre a terra, foi concedido um guia espiritual. Em eras passadas
algo dessa idéia deve ter passado pela mente dos antigos
homens da igreja, visto que adotaram a idéia piedosa de darem a cada pessoa um anjo da guarda.
Os anjos já se introduziram na arte contemporânea, onde
artistas os desenham como personagens vestidos de roupas
alvas e suportando nos ombros um par de enormes asas. Essa
concepção
sugere uma grande separação entre o anjo da guarda e a alma que êle deve guardar. O primeiro não
poderia, por assim dizer, aproximar-se demais do protegido,
por causa da sua extrema espiritualidade e da
repulsiva grosseria do homem terreno.
Deixemos esta ficção do
cérebro do artista e passemos a algo mais prático.
Os guias do espírito
constituem uma das principais ordens em toda a organização e administração do
mundo espiritual. Eles habitam um reino particular e lá vivem há séculos. São
escolhidos entre todas as nacionalidades; muitos entre os orientais e entre os
índios norte-americanos também, visto que é comum esses povos serem dotados de
poderes psíquicos.
O guia principal é escolhido,
para cada indivíduo na terra, de conformidade com um plano fixo. A maioria dos
guias são semelhantes em temperamento a seus protegidos, mas o que é mais
importante é que aqueles compreendem e desculpam as fraquezas de seus
protegidos. Muitos, na verdade, tiveram-nas quando encarnados, e por isso podem
ajudá-los mais a lutar contra as mesmas.
Grande número dos que praticam
a comunicação com o mundo espiritual já encontraram seus guias espirituais.
Grande parte dos guias espirituais fazem seu trabalho sem que os protegidos
estejam a par, o que torna sua tarefa mais pesada e difícil. Mas ainda há
outros cuja vida sobre a terra toma praticamente impossível a seus guias
aproximarem-se. Entristece-os naturalmente vê-los fazer tolices e erros, e,
devido ao espesso muro de impenetrável materialismo que constroem ao seu redor,
esses guias são obrigados a ficar afastados. Tais almas, quando chegam ao mundo
espiritual, despertam para a realização do que perderam durante suas vidas. Em
tais casos o trabalho do guia não será inteiramente vão, porque mesmo nas
piores almas há uma ocasião, embora transitória, quando a consciência fala, e é
usualmente o guia espiritual que implanta os melhores pensamentos dentro do
cérebro.
Nem por um momento se deve
pensar que a influência
do guia viola a expressão da livre vontade. Se, sobre
a terra, vedes alguém dar um passo em falso no meio do trânsito,
o fato de que estendestes a mão para impedi-lo não
significa que lhe impusestes vossa vontade. Um guia espiritual tentará dar
conselhos quando estes podem chegar até seu protegido; tentará guiá-lo na
direção certa, unicamente para seu próprio bem, e compete ao protegido aceitar
ou rejeitá-la. Se rejeitá-la, só pode culpar a si mesmo dos desastres ou
aborrecimentos que venham a sobrecarregá-lo. Ao mesmo tempo, o guia espiritual
não existe para viver a vida do seu encarregado. Este mesmo precisa fazê-lo.
Tornou-se um hábito entre
certa classe de pessoas da terra ridicularizaria instituição dos guias
espirituais. Virá o tempo em que eles amargamente lamentarão sua loucura, esse
dia será aquele em que encontrarão o seu guia, que sabe muito mais a respeito
da vida. Nós, do mundo espiritual podemos ignorar tais caçoadas, porque sabemos
que chegará o dia inevitavelmente em que eles virão para cá, e grande será o
remorso — e em muitos casos as lamentações — daqueles que em suas supostas
sabedor ias foram tão tolos.
À parte os guias espirituais,
há outra prolífica fonte de influências que deriva do mundo espiritual. Já
disse, por exemplo, como as mãos terrenas dos médicos podem ser guiadas, ao
realizar uma operação, pelas mãos espirituais. Em muitos outros planos da vida a
inspiração é levada dessa maneira. O homem encarnado pouco pode fazer de per
si, e êle é o primeiro a compreendê-lo quando vem morar aqui. O homem pode
realizar certas ações mecânicas com precisão, pode pintar um quadro, pode tocar
um instrumento, pode manejar máquinas, mas todas as maiores descobertas são
obras do mundo espiritual. Se o homem, usando a livre vontade, pretende pôr
suas invenções a serviço de maus fins, então pode receber o crédito das
calamidades que se seguirão. A inspiração devotada a boas causas vem do mundo
do espírito, e de nenhum outro lugar. Se for para o bem da Humanidade a fonte é
igualmente boa, se a inspiração não vem para bem dela, então sua fonte é
indubitavelmente ruim. O homem tem em suas mãos a escolha da fonte em que
beberá — boa ou
má.
Estareis lembrados de como
contei que uma pessoa é exatamente a mesma do ponto de vista espiritual
imediatamente depois da morte. Nenhuma mudança instantânea se dará para
transformar uma existência terrena de má em boa.
Uma igreja ortodoxa é de
opinião que aqueles que voltam ao plano terrestre e fazem sua presença notada,
são demônios! É pena que a igreja seja tão cega, pois pode se dizer que estão
tentando — sem resultado — abafar as forças do bem, enquanto ignoram as forças do
mal. Se encorajassem as boas forças a virem a eles, breve as forças do mal se
poriam em fuga. As
igrejas, sejam elas quais forem, sofrem de infinita ignorância. Através das
eras, até o presente, continuaram seu cego caminho, ignorantes, disseminando
fantásticos ensinamentos em lugar da verdade, e abrindo caminho, por meio da
ignorância, para as forças do mal operarem.
Um ministro da igreja realiza
serviços e missas prescritas pela sua crença e abafa toda inspiração,
agarrando-se a dogmas e credos inteiramente falsos. Se fosse interrogado a
respeito do assunto responderia que crê na inspiração. No final das contas êle
acharia menos trabalhoso pedir emprestado as idéias religiosas de qualquer
outra pessoa encarnada e confiar em sua própria esperteza para qualquer idéia
original. Mas sugerir que o mundo espiritual não tenha qualquer influência, a
não ser perniciosa, sobre o mundo terreno, seria totalmente contra seus
princípios.
É um estranho hábito que têm
os terrenos de crer que são sempre as forças do mal que tentam influenciar o
mundo. Às forças do mal são atribuídos poderes negados às do bem. Por quê? E
por que têm as igrejas medo mortal de mexer com os espíritos como advertem em qualquer
livro que recomendam? Eles ignoram, e apontam um dedo de censura para a
suposta mulher de Endor.
O mundo espiritual trabalha
constantemente para fazer sua presença, força e poder sentidos no mundo
inteiro, não só a respeito de questões pessoais, mas para o bem de nações e da
política internacional. Mas tão pouco
se pode fazer, porque em geral a porta está fechada aos mais altos seres do
mundo espiritual, cujo alcance de visão e cuja sabedoria, compreensão e
conhecimento, são vastos. Pensei nos males que podiam ser varridos da face da
terra sob a orientação imensamente apta de sábios professores do mundo
espiritual. É possível dizer que não há problema sobre a terra que não possa
ser solvido pela ajuda, conselho, e experiência dos seres que acabei de
mencionar. Mas isso envolveria uma coisa — uma implícita adesão a tudo que
aconselhassem ou advogassem. Muitos líderes, seja nos negócios do governo de
nações, seja em idéias religiosas, que já estão no mundo espiritual, enchem-se
de pena quando olham para trás, para as oportunidades desperdiçadas de fazer
mudanças radicais para a melhoria de seus compatriotas. Confessarão que tinham
em mente a idéia — não sabendo ainda que ela havia sido semeada pelo guia
espiritual — mas que tinham permitido ser demovidas de suas boas intenções.
Essas almas lamentam o estado a que se degradou a Humanidade. Esta, na verdade,
permitiu às forças do mal que ditassem ordens. Mas tais forças, tão queridas
pelas igrejas, têm aparecido de direções diferentes daquelas que as igrejas
alegam como suas origens. Os homens que praticam a comunhão conosco, a sério, e
que gozam de felizes encontros com os mestres e amigos das esferas superiores
são acusados de lidar com o demônio. Isso é tolice. Os verdadeiros diabos estão muitos
ocupados em outros lugares, em lugares onde podem produzir melhores resultados.
Direis que minha opinião é
pessimista, que realmente, no final das contas, o mundo não é tão mau como o
descrevo. É verdade, mas só porque conseguimos enviar à terra uma ou duas de
nossas idéias e preceitos. Mas pode-se dizer que a despeito da desordem universal,
se retirássemos toda a nossa influência, a terra ficaria em pouco tempo
reduzida a um completo estado de caos e barbarismo. A razão é que o homem julga
que pode caminhar muito bem sem nós. Tem o convencimento de imaginar que não
requer ajuda de qualquer fonte. Quanto
àquela do mundo espiritual, nem é bom
pensar. Se há um tal lugar como o mundo espiritual, é bom
começar a pensar nele quando alguém chegar aqui. Por
enquanto,
os homens são tão superiores que sabem tudo, e podem cuidar de seus negócios perfeitamente, sem a ajuda
das sombras do mundo espiritual. E quando chegam a um lugar que antes desprezaram, vêem sua própria pequenez e a do mundo que deixaram. Mas por pequeno que seja o mundo, o homem ainda necessita ajuda para conduzir seus
problemas
— e essa é outra descoberta que faz ao chegar
aqui.
O mundo terreno é lindo e a vida nele podia ser bela,
mas o homem se interpõe e impede que isso se dê. O mundo
espiritual
é infinitamente mais belo. Já tentei dar-vos uma
idéia dele. Mas vosso mundo nos parece escuro e tentamos
dar-vos um pouco de luz. Tentamos fazer nossa presença
conhecida,
nossa influência sentida. Nossa influência é
grande, mas ainda tem que ser aumentada. Quando isso
acontecer,
vereis como pode ser a vida na terra.
Mas até lá, ainda falta muito e muito.
Continua no próximo Bloco -Os Reinos Superiores
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